terça-feira, 31 de maio de 2011

Entrevista do mês - Orquestra de Violoncelistas da Amazônia


Hoje, último dia de maio, posto a entrevista do mês. Devido ao grande sucesso da primeira (recorde de acessos e comentários), optei por uma nova entrevista com a Orquestra de Violoncelistas da Amazônia. (Acesse a entrevista anterior Aqui)

Ao ver o resultado da entrevista pintou uma dúvida: é uma orquestra ou uma banda?

Os instrumentos sugerem uma orquestra, mas a performance e principalmente o som espantam qualquer dúvida: é uma banda, e das melhores!
Abaixo o professor e coordenador da banda-orquestra ou orquestra-banda fala de suas últimas apresentações, com destaque para o festival Rock Na Veia. 
 
Os músicos Amilton, Rodolfo e Geovvana (única menina do grupo) falam de seus sentimentos e do prazer em tocar ao vivo e de participar da banda-orquestra.


Blog: O que significou participar do Rock Na Veia para a orquestra?

O Rock na Veia se tornou um dos eventos mais importantes dos Violoncelistas da Amazônia, pois, pela primeira vez interpretamos nosso repertório para um público quase que exclusivo de metaleiros. Neste show tivemos a chance de ver os fãs cantando as melodias que interpretávamos e dançando os famosos passos do “MOSH” algo que até então não tínhamos presenciado em nossos shows.
Quando falo do “MOSH” não me refiro apenas ao famoso headbanging, mas também, ao famoso diving que acredito ser visto apenas nos shows contagiantes que envolve muita adrenalina. A grande relevância de nossa participação pode fazer referência ao grito de socorro dos músicos populares exigindo uma inclusão do Rock ou Música Popular nas escolas regulares. Não estou me referindo apenas a um projeto de extensão de curta duração. Me refiro a um curso técnico de música popular. Já está na hora!!!!! Os Violoncelistas da Amazônia também querem algo especifico para facilitar uma verticalização profissional. 
 
Blog: Como você descreveria o comportamento da plateia durante o show no festival?

Nossa!!! Sou um musico erudito apaixonado pelo Heavy Metal. Mesmo assim, fiquei assustado, visto que, educo crianças e adolescente a tocar o violoncelo. O “Mosh” feito de forma correta é contagiante e belo, dependendo do ponto de vista de cada pessoa. A plateia gritou, chutou, pulou sem causar danos físicos a todos que estavam presente em nosso show. Mesmo assim, temos que ter cuidado, pois, as autoridades estão com muita dificuldade de esquecer o Rock 24 horas de Belém do Pará. Foi um movimento belíssimo no inicio dos anos 90 que terminou tragicamente. Hoje, as pessoas tendem a relacionar o Heavy Metal com drogas e brigas. Isso não é verdade. Gostaria de levar o Rock para o Teatro W. Henrique e quem sabe colocar o Rock na agenda cultural de Belém durante o Círio de Nazaré.

Blog: Estão comentando que os “Violoncelistas da Amazônia” já são considerados como uma banda de rock, o que você acha disso e quais as implicações?
 
Pode ter certeza de que somos uma banda, porém, com uma formação típica de uma orquestra. Ser denominado de banda ou orquestra não importa. Quero que nos vejam como músicos ecléticos, dispostos a interpretar qualquer estilo musical.

Blog: E você como professor da EMUFPa tem alguma proposta na sua instituição para incentivar mais esse segmento musical?

Pode ter certeza de que em breve teremos um curso técnico de música popular, e quem sabe a tão sonhada Escola Rock de Ananindeua. 
 
Blog: Como fazer para participar de suas aulas e aprender a tocar violoncelo?

Qualquer pessoa pode fazer parte do Programa Cordas da Amazônia da Escola de Música da UFPA, contanto, que a ordem de chegada para o ingresso do programa seja respeitada. As vagas são destinadas prioritariamente aos alunos que já fazem parte do programa. Em segundo plano, destino vagas a alunos com autismo, TDAH e dislexia. Entretanto, os novos alunos sempre podem participar de uma intervenção particular para poderem entrar em uma turma adiantada.

Blog: É preciso ter instrumento próprio?

Não!!!!

Blog: Quais são os próximos projetos da Orquestra de Violoncelistas da Amazônia?

Fomos selecionados por uma curadoria de São Paulo para participar do TERRUÁ Pará 2011. Isso foi uma super vitória para todos nós Violoncelistas da Amazônia. Os shows estão previstos para acontecer nos dias dias 24 e 25 de junho de 2011, no Ibirapuera, em São Paulo. Paralelo ao projeto TERRUÁ Pará 2011, estamos planejando nossa turnê São Paulo, mas, ainda é um projeto. Em agosto, muitas surpresas virão. Por exemplo, participaremos do Rock Solidário em Belém e lV Rock na Veia em Ceilândia - Brasília. 
 
Contato para shows:
Facebook: Aureo DeFreitas
Twitter: @aureo_defreitas
Celular: (91) 81288328

Áureo DeFreitas, Ph.D. em Educação Musical
- Professor Efetivo da Escola de Música da Universidade Federal do Pará - EMUFPA
- Coordenador da Divisão de Inclusão Social da EMUFPA
- Coordenador Geral da Orquestra de Violoncelistas da Amazônia / Amazon Cello Choir
- Coordenador Geral do Programa Cordas da Amazônia
- Curriculum LATTES, http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4791238T5

Os músicos por eles mesmos

Amilton Júnior

Blog: Apresente-se e fale de suas experiências em festivais de música? 
 
Oi, sou Antonio Amilton Dias Amorim Junior, tenho 14 anos, atualmente estudo no Colégio Madre Celeste no ensino médio e na Escola de Música da Universidade faço o curso técnico em música.
Participei junto com meus amigos de alguns festivais de música: o Fest Music foi um dos que teve mais impacto para nós, O ISME que foi nossa 1ªTurnê, em grande estilo, na China e muitos outros.

Blog: As sensações e efeitos são as mesmas num show ao ar livre amplificado e no acústico? O que difere nos shows?
 
Sem dúvida nenhuma, são vários, os detalhes entre um show acústico e um show ao ar livre. O Acústico podemos dizer que é mais "light", mais ambiente na minha opinião, eu gosto muito dos dois, mas prefiro o amplificado. Em um show, a atmosfera que criamos é mais "rock", é mais o nosso estilo mesmo. É quando nós realmente nos soltamos!!!

Blog: O que você acha sendo um estudante de instrumento clássico, próprio para shows acústicos, interpretar rock num festival de música?

Eu acho isso fantástico... além de ser algo diferente, isso que nós estamos fazendo, é algo em que eu estou amadurecendo, tanto como um músico erudito, como profissionalmente. Eu percebi que o rock não é só "barulho" como muitos dizem por aí. Rock tem toda uma melodia, tem todo um contraponto, em que podemos nos fascinar pelo som e sua complexidade na harmonia.

Blog: Quanto tempo de estudo você acredita ser necessário para interpretar bem uma música clássica e o rock e quais as diferenças? 
 
Existe uma diferença entre: "tocar uma música" e "saber tocar uma música." O caso é que, uma música clássica, nós podemos dominá-la em um tempo curto e apresentá-la sem nenhum problema. O rock já é bem melhor, pois a nossa maior preocupação nele é o tempo e a dinâmica.

Blog: O que sua família acha sobre os shows? 
 
Beeeem, haha, meus pais sempre me apoiam nas decisões que eu tomo, ou nas coisas que eu faço, eu acho isso bem legal. Eles sempre gostam muito dos shows da orquestra. Com o tempo eles começaram a ver a beleza que existe no rock, a sonoridade. Enfim, claro, que há algumas coisas que eles não concordam, como alguns rodando a cabeça, ou garotos fumando, usando drogas, mas enfim, isso é algo que eles sempre procuram alertar a gente: O mundo do rock é como o mundo dos homens: há coisas boas, e coisas más, é claro. 
 
Blog: Será que participar de uma orquestra-banda interfere em suas vidas pessoais?

Acho que em parte sim, pois eu sacrifico muitos compromissos para estar na orquestra, festas de família, apresentações do meu irmão, que também estuda música, mas enfim, é algo que eu faço por querer, pois minha vida, não só a pessoal, mas toda ela, já se resume em violoncelo.

Blog: Deixe um recado aos jovens.

A música é a arte mais vibrante de todas...Vibre sempre!

Rodolfo Monteiro

Blog: Apresente-se e fale de suas experiências em festivais de música?

Eu sou Rodolfo de Carvalho Monteiro, tenho 17 anos e estou estudando no Colégio Destack, e estou cursando o Básico na Escola de Música. Além dos eventos com a orquestra, citado pelo colega Amilton, não participei de nenhum outro.

Blog: As sensações e efeitos são as mesmas num show ao ar livre amplificado e no acústico? O que difere nos shows? 
 
São sensações diferentes. Num show amplificado, não há necessidade de tanto esforço para projetar o som, além de permitir a realização de performances. Num show acústico a atenção em projetar o som é essencial para que não haja erros que serão facilmente percebidos.

Blog: O que você acha sendo um estudante de instrumento clássico, próprio para shows acústicos, interpretar rock num festival de música?

É uma atitude ousada que resulta numa performance irreverente e que dá certo.

Blog: Quanto tempo de estudo você acredita ser necessário para interpretar bem uma música clássica e o rock e quais as diferenças? 
 
Umas 3 horas de estudo diário. Na música clássica a técnica exige que o arco seja usado com suavidade, enquanto que no rock o arco deve ser usado com mais peso. 
 
Blog: O que sua família acha sobre os shows? 
 
Minha família tem apoiado o trabalho da orquestra, por entender que se trata de novos talentos que se preocupam em tocar música de boa qualidade.

Blog: Será que participar de uma orquestra-banda interfere em suas vidas pessoais?

Sim, de certa forma a rotina modifica, mas as consequências sempre tendem para o lado positivo.

Blog: Deixe um recado aos jovens.

Para entrar na música não precisa ter “dom”. Aqui encontramos motivação, o que nos ajuda a superar as dificuldades da adolescência, o tempo que poderia ser perdido com futilidades é preenchido com conhecimentos de grande valor e de forma agradável e a musicalização ainda age como uma maneira inteligente de integrar crianças e adolescentes desenvolvendo a autoestima.

Geovvana Bertazo

Blog: Apresente-se e fale de suas experiências em festivais de música?

Oi, sou Geovvana Carvalho Bertazo, tenho 19 anos, atualmente sou a única garota cellista da orquestra, sou estudante do primeiro ano do curso de jornalismo das faculdades integradas Ipiranga.
Participei do Festival internacional de musica em Belém, Festival de Violoncelos no Rio de Janeiro e festival de musica de Londrina, e nesses festivais o nome do nosso grupo era Orquestra Infanto Juvenil de Violoncelistas da Amazônia, pois comecei a tocar cello bem cedo.

Blog: As sensações e efeitos são as mesmas num show ao ar livre amplificado e no acústico? O que difere nos shows?

Depende muito de como o público vai reagir ao nosso estilo de tocar, os Shows tem sempre o mesmo entusiasmo, mas é diferente a forma que o público reage.

Blog: O que você acha sendo um estudante de instrumento clássico, próprio para shows acústicos, interpretar rock num festival de música?

Dependendo do estilo de festival, se for um festival clássico, não acho adequado tocar rock, agora se for um festival popular acho super interessante.

Blog: Quanto tempo de estudo você acredita ser necessário para interpretar bem uma música clássica e o rock e quais as diferenças?

Bom a musica clássica tem que ter no minimo uns 5 anos de estudo, e para tocar rock tem que ter no minimo uns 3 anos de experiência com musicas populares, acredito que essa diferença exista porque a música clássica exige tempo de estudo, técnicas e práticas em orquestras clássicas, e para os rocks, tem que ter como eu já disse experiencias com musicas populares, ter presença de palco e saber empolgar o público.

Blog: O que sua família acha sobre os shows?

Bom a minha família nunca foi muito de acordo com a minha participação plena na música, por isso faço jornalismo.

Blog: Será que participar de uma orquestra-banda interfere em suas vidas pessoais?

Bom na minha vida não interfere em nada, pois se você sabe controlar o seu tempo tudo dá certo.

Blog: Deixe um recado aos jovens.

Eu acho que a musica é uma boa iniciativa para todos os jovens, ajuda no conhecimento cultural e é uma ótima terapia para quem quer fugir dos problemas “da rua” e “de casa”, a musica, não importa qual estilo, ajuda a nos acalmar.


Entrevista concedida a Rozy Marcondes, colaboradora oficial deste blog.

Edição: Marcelo Carvalho

4 comentários:

NAAH/S PARÁ disse...

Hello Marcelo! Sua postagem está perfect! espero que os leitores gostem tb! Bjks

Sandro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sandro disse...

Oi sr. Marcelo
Valew por essa força pra gente!
Adorei a postagem sobre a orquestra.
Obrigadão!!!

Klayton Marcondes disse...

Nooossa! Já vi alguns shows deles!! Demais! Dá vontade de tá lá encima tocando junto!! Até as pessoas "mais sérias" ficam batendo o pézinho no chão, acompanhando o ritmo!

Nota 1.000 pra esses músicos talentosos, que já representaram o Brasil lá na CHINA!!