Os Intelectuais e a educação
Gramsci examinou de perto o papel dos intelectuais na sociedade: todo
homem é um intelectual, já que todos têm faculdades intelectuais e
racionais, mas nem todos têm a função social de intelectuais. Ele propôs
a ideia de que os intelectuais modernos não se contentariam mais de
apenas produzir discursos, mas estariam engajados na organização das
práticas sociais.
Segundo sua análise, “não há actividade humana da qual se possa
excluir de toda intervenção intelectual, não se pode separar o ‘homo
faber’ do ‘homo sapiens’” enquanto, independentemente de sua profissão
específica, cada um é a seu modo “um filósofo, um artista, um homem de
gosto, participa de uma concepção do mundo, tem uma consciente linha
moral”, Mas, nem todos os homens têm na sociedade a função de
intelectuais.
Historicamente se formam categorias particulares de intelectuais,
“especialmente em relação aos grupos sociais mais importantes e passam
por processos mais extensos e complexos em conexão com o grupo social
dominante”. Gramsci, então, distingue entre uma “intelectualidade
tradicional” que, sem razões, se considera uma classe distinta da
sociedade e os grupos intelectuais que cada classe gera “organicamente”.
Estes últimos não descrevem a vida social simplesmente por regras
científicas, mas de preferência exprimem as experiências e os
sentimentos que as massas por si mesmas não conseguem exprimir.
O intelectual tradicional é o literato, o filósofo, o artista e por
isso, diz Gramsci, “os jornalistas, que acreditam ser literatos,
filósofos e artistas, também acreditam ser os verdadeiros intelectuais”,
enquanto que modernamente é a formação técnica a que serve como base do
novo tipo de intelectual, um “construtor, organizador, persuasor”, que
deve partir “da técnica-trabalho para a técnica-ciência e a concepção
humano-histórica, sem a qual permanece especialista e não se torna
dirigente”. O grupo social emergente, que labuta por conquistar a
hegemonia política, almeja conquistar a própria ideologia intelectual
tradicional, ao mesmo tempo que forma seus próprios intelectuais
orgânicos.
A organicidade do intelectual se mede pela maior ou menor conexão que
mantém com o grupo social ao qual se relaciona: eles operam, tanto na
sociedade civil quanto na sociedade política ou estado. A primeira
representa o conjunto dos organismos privados nos quais se debatem e se
difundem as ideologias necessárias para a aquisição do consenso que
aparentemente surge de modo espontâneo das grandes massas da população
em torno às decisões do grupo social dominante. A segunda é onde se
exerce o “domínio directo do comando que se expressa no Estado e no
regime jurídico”. Os intelectuais são como “apostadores do grupo
dominante para o exercício das funções subalternas da hegemonia social e
do regime político”. Assim como o Estado, que na sociedade política
almeja unir os intelectuais tradicionais com os orgânicos, também, na
sociedade civil, o partido político forma “os próprios componentes,
elementos de um grupo social que nasce e se desenvolve como económico,
até convertê-los em intelectuais políticos qualificados, dirigentes,
organizadores de todas as actividades e as funções inerentes ao
desenvolvimento orgânico de uma sociedade integral, civil e política”.
A necessidade de criar uma cultura própria dos trabalhadores
relaciona-se com o apelo de Gramsci por um tipo de educação que permite o
surgimento de intelectuais que partilhem das paixões das massas de
trabalhadores. Neste aspecto, os adeptos da educação adulta popular
tomam Gramsci como uma referência. Seu sistema educacional pode ser
definido dentro do âmbito da pedagogia crítica e a educação popular teorizadas e praticadas mais contemporaneamente pelo brasileiro Paulo Freire.
Fonte: Wikipédia
Dedicado aos amigos do PT, PC do B, PSTU e PSOL (acho que são estes os partidos que podemos chamar de esquerda).
Marcelo Carvalho
2 comentários:
será que ainda se pode chamar o PT de esquerda? acho que ele caiu do muro para o lado "direito"
“não há actividade humana da qual se possa excluir de toda intervenção intelectual, não se pode separar o ‘homo faber’ do ‘homo sapiens’”
Será que vale para os dirigentes do SINTEPP????
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