domingo, 29 de maio de 2011

A passeata contra a corrupção - minha visão

A passeata, organizada pela OAB, foi um sucesso?

Foi!
Em primeiro lugar, por conseguir conquistar a credibilidade da população. A Ordem dos Advogados tem respaldo para mobilizações como a do último sábado e esta credibilidade falta aos atuais partidos políticos.

Em segundo lugar, foi um sucesso de público; os otimistas falam em 15.000 ,os que desejavam desacreditar o movimento falaram em 2.000.
Acho que o número razoável deva ser entre 8.000 e 10.000 participantes. Como chego a este número? Considerando o número de assinaturas no abaixo-assinado que circulou de mão em mão; o documento foi assinado por 8.000 pessoas, considerando que os menores de idade não assinaram  e havia quantidade considerável de jovens, pode-se crer que havia os exatos 8.000 que assinaram e mais os jovens e crianças.

A presença dos jovens e de pessoas que não são habituadas a participar de movimentos políticos foi outra marca da caminhada. Foi um movimento diferente, pelo menos diferente dos quais costumo participar.

Qual era diferença: uma certa despolitização da massa ou pelo menos a ausência de uma liderança que conseguisse uniformizar os discursos e as atitudes. A OAB  (com inegável ajuda de algumas empresas de comunicação) foi competente para mobilizar as pessoas, mas não para dirigir o movimento, a passeata.

Assim, minha impressão foi a de uma caminhada sem uma palavra de ordem, sem um discurso unificador, sem lideranças... A unidade era apenas a luta contra a corrupção, se usar a palavra 'luta' for um exagero,  podemos optar pela palavra 'indignação'.

Talvez, essas novidades (despolitização e falta de liderança) seja em razão de que a indignação era contra a corrupção e, principalmente, pelo local do escândalo - Assembleia Legislativa do Pará (ALEPA), o locus da política, a casa da representação política do povo.

Pode ser que o desgaste político seja maior do que supõe nossa imaginação, o desgaste tenha algo de democrático e atingido toda a classe política, daí a falta de uma liderança.
 
Se este for o cenário, a despolitização do movimento do último sábado poderá conduzi-lo a um esfriamento, não passará de uma mera empolgação.
Mas, existe outra possibilidade: a de que o vácuo de liderança possibilite o surgimento de uma nova, pois em política não existe o vazio, espaços livres são rapidamente ocupados.
 
Quem se habilita a liderar o movimento em favor da CPI? Não esqueça de que não pode ter telhado de vidro, caso contrário poderá ser tragado para dentro da crise; vide o caso do Dep. Edmílson Rodrigues, na passeata sobrou para ele também.

Assista ao vídeo da passeata, filmado e editado pelo combativo professor Sanches:




Marcelo Carvalho

4 comentários:

Profª Doralice Araújo disse...

Grata pelas informações; tentei acompanhar as notícias ontem, mas a sua postagem, colega professor Marcelo, dimensiona a passeta histórica contra a corrupção.

Ofereci um link à postagem, lá no no Twitter para que mais leitores pelo Brasil afora acompanhem o relato acima; se eu estivesse em Belém certamente teria participado da passeata.

Blog do Roberto Martins disse...

Concordo com sua análise, exceto o número de manifestantes, mas isso não é importante.Mas; o que esperar de uma OAB à quilômetros de distância de sia história recente (Iphirzinho.. e o novo-rico deslumbrado) haja paciência;
de uma passeata organizada por uma TV contra seu inimigo feroz e que não se manifesta em relação às falcatruas de seu Rominho e Ronaldo na SUDAM;
De políticos que que saíram do governo último governo sob suspeição e estavam na manifestação com a maior cara-de-pau.

Não sou adepto do lema: inimigo do meu inimigo é meu amigo. Talvez por eu não ser adepto da satiagraha.

Marcelo Carvalho disse...

Olá professora Doralice,

Obrigado por compartilhar o conteúdo deste blog, precisamos nos manter vigilantes e continuar a pressão, somente assim veremos a punição dos corruptos, pelo menos alguns deles.

Um abraço,

Marcelo Carvalho

Marcelo Carvalho disse...

Roberto,

É bom saber que continuamos afinados em nossos discursos.

Eis minha opinião:

A sociedade se move quando existe um choque de interesse entre as elites.

Espero que os Barbalhos e os Maioranas levem esta disputa até o final, assim, a opinião pública descobrirá todas as mazelas, dos dois lados e melhor ainda arrastarão consigo uma pá de políticos corruptos.

A História nos dirá se eles terão coragem ou entrarão em acordo, um pacto de não agressão!

Ou seja, nada de amigo de inimigo. Os dois são inimigos do povo!

Marcelo Carvalho