segunda-feira, 7 de maio de 2012

Queremos ver o Rio Caeté



Do Facebook recolho um excelente texto sobre a Pérola do Caeté, a nossa cidade de Bragança, e também sobre um movimento que tenta impedir a obstrução da orla da cidade.

Para visitar a página e ler o original, click aqui

                                            Imagem: Facebook

A sinuosidade do caeté faz da orla de Bragança uma das mais belas orlas do Estado do Pará. Rigorosamente única. O Rio se insinua delicadamente na cidade, em uma dinâmica delicada, leve, mas vigorosa; com a força suficiente da virtude, aquela que alimenta, educa, mantém, dá e retira; sempre na justa medida, como que a ensinar a todos, todos os dias e o dia todo. Sempre em silêncio, como a comunicar que suas virtudes não se dão na mortal linguagem, mas que também ela, fenece.

A sinuosidade do Caeté é romântica, o Rio amante, que beija a cidade e ao mesmo tempo se verga a seus pés, como que em eterna homenagem a grande amada, a quem presenteia com o mais belo de si: a vida!

A natureza est(ética) do Caeté é também favorecida por eventos tardios e recentes. A margem oposta que insiste em manter-se no seu vivo verde, (é preciso que isso assim se mantenha, que ali seja criado um parque municipal, um bosque público!!!) como que a preservar a moldura natural para as cores do desabrochar dos dias e se banhar da luz da lua; A ponte do Sapucaia, ah, aquela ponte, já sem os ferros dos ramais da estrada, mas ainda com as curvas clássicas sobre colunas antigas, o Mirante de São Benedito, de onde a lua e as milhões de estrelas lá no horizonte canta o poeta e cidadão bragantino, o singular músico e professor Toni Soares. É, a beleza atrai beleza e se faz poema.
Ainda menino, no fim dos anos 60, desde a casa Olinda, sob o ensinamento do Seu Odorico Alves e a Dona Maria Augusta, meus avós, assisti, sem entender, uma série de mudanças. Vi a construção da feira Livre e do Mercado de Peixe. Isso alegrava os avós, porque posicionava melhor a Mercearia. E, de fato, não era necessariamente algo ruim para a cidade, afinal, a melhoria de condições de trabalho, a dignidade para um maior número de pessoas pode ser harmonizado com a preservação da natureza, no caso de Bragança, da bela natureza.

Todavia, lamentavelmente, não foi. A inércia do poder público, o abandono mesmo, a omissão combinada com ações incompreensíveis, com verdadeiras vinganças contra a natureza desfiguraram um pouco da cidade. E o pior, isso até hoje, mais de 40 anos depois, continua. A construção da feira não poderia ter dado ensejo ao fechamento indevido e desordenado de parte da orla da aldeia no Caeté. O aterramento de parte do Rio, tanto em frente ao Mercado de carne quanto da Igreja São Benedito poderia ser substituída por uma limpeza daquela parte do Rio. O abandono do Mercado Municipal é outro exemplo da omissão. Mas a maior vingança do homem contra a bela natureza foi o corte indiscriminado das dadivosas mangueiras da Aldeia, o que descaracterizou totalmente o antigo bairro.

Mas tem outros movimentos nem sempre tão visíveis, todavia muito atuais, que evidenciam a continuidade desses crimes, como é o exemplo do assoreamento e morte do Rio Cereja, com a construção de um bairro no lugar onde era o Rio, sem qualquer cuidado de preservar sequer as margens do igarapé, mesmo que todos estejam cientes que essa obstrução pode custar caro à cidade.

Acredito na razão, ainda que dela desconfie. Essa chave desse paradoxo é o diálogo. Estou certo que a comunidade pode alcançar saídas que combinem a preservação da dignidade urbana, o que implica estar aberta para a atividade econômica e, ao mesmo tempo, garantir a dignidade do trabalho, do emprego, da empresa e da história. A história de Bragança, seu passado e seu futuro, esta na capacidade generosa de combinar o belo da natureza com o belo de sua cultura, sua outra bela natureza.

Paulo Weyl


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