Certo dia
assisti uma entrevista do sociólogo Betinho, o cara que inventou o
fome zero, era no tempo da inflação alta, início dos anos 90, ele
declarava que se um filho passasse fome não hesitaria em roubar para
alimentá-lo, e sentenciava: o direito a vida precede ao direito de
propriedade, o primeiro se impõe ao segundo.
Refletindo
e buscando simetrias entre a fome de comida e a fome de cultura e
seguindo a lição de Betinho, penso que se em Belém não existe
política pública para o fomento cultural, temos que roubar os
espaços culturais, fazer nossa apropriação/ocupação.
Isto já
está ocorrendo, duas vezes por mês, uma sexta-feira sim e outra
não, tem Batucada do Coletivo Canalha, movimento cultural que
promove a ocupação do Bar do Parque e dialoga criticamente com
imponente Teatro da Paz. Na batucada tem espaço para o samba, o
carimbó, o chorinho e até o bom e bom e velho rock'n'roll!
É a
canalha afirmando sua existência e “roubando” os espaços que
foram construídos para deleite das elites de Belém.
Acesse o
facebook e conheça mais sobre o Coletivo Canalha
Hoje é
dia de ocupação cultural, dia da canalha desfilar no Bar do Parque.
É
preciso criar outros movimentos e ocupar outros espaços da cidade,
tornar Belém mais permeável a cultura popular, estimular movimentos
que combinem autenticidade e independência do mecenato estatal, este
muitas vezes esvazia e aparelha o seu conteúdo, tonando-se tão
daninho quanto o “deus mercado”.
Marcelo Carvalho
Um comentário:
Gostei muito da abordagem, Marcelo. Concordo e faço coro as suas considerações. Parabéns
Postar um comentário