sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa!

Tenho participado da greve dos professores, talvez seja a greve mais legítima dos últimos 5 ou 6 anos. A pauta da greve é centrada, principalmente, na reivindicação do cumprimento de duas leis que beneficiam a categoria; uma estadual o PCCR, e outra federal, com chancela do STF, que estabelece um piso mínimo para nosso salário.

Qualquer governante, minimamente sério e decente, ficaria envergonhado de sair às ruas ou aparecer na mídia e sustentar que não pode cumprir as leis de seu país, estado ou município. O estado democrático de direito é o império das leis, não há exceção; o governante não tem o poder de eleger quais leis serão obedecidas e quais serão postergadas ou negligenciadas.

E se as leis visam à melhoria da educação pública, melhorias salariais aos profissionais que dedicam sua vida à educação da classe trabalhadora, de criar as condições para o desenvolvimento do país e do seu povo; nestes casos, os governantes deveriam agir com mais atenção, com mais rigor; tais leis deveriam ser de fato sua prioridade.

Dito isso, é perfeitamente justificada a greve e certa radicalidade do movimento dos professores. Acho que a maioria da categoria tem este entendimento, sabe que o Piso e o PCCR são direitos seus e não aceitam o calote, por isso, estão e se manterão na luta.

Isso é uma coisa e com a qual tenho 100% de concordância.

A outra coisa é a luta política. Luta partidária, eleitoral! Sei que ela existe e sempre existirá e que está presente também em nossa greve. Tem partido político que sonha com uma greve de 100 ou mais dias, que defende teses exógenas ao movimento legítimo dos professores. Entre eles existe a ideia de derrotar o governo Jatene, de desgastá-lo, etc.

Sinceramente, acho que a categoria não compra esta tese, não vê a greve por este ângulo. A categoria quer o que é seu: o Piso e o PCCR!

O governo que aí está é legítimo, venceu as últimas eleições de forma incontestável, está em seu 1º ano de mandato e nenhum professor defende golpe de estado ou coisa parecida.

Portanto, como disse no título: Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Lutemos pelos nossos direitos e pelo cumprimento da legislação e deixemos a luta política (a eleitoral) para o seu devido tempo; no momento certo a categoria saberá avaliar qual governo respeitou seus direitos e de fato valorizou sua profissão. Creio que a última eleição foi pedagógica neste sentido, mostrou que ter o comando da máquina, gastar milhões com propaganda não garante nada.

Marcelo Carvalho

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