terça-feira, 18 de outubro de 2011

Quem decidirá a greve dos professores?

A greve dos professores de 2011 é diferente, já afirmei isto antes. Entre suas diferenças mais significativas estão: a existência de duas leis que beneficiam os professores e a as redes sociais.
Sobre as leis os professores e os leitores dos blogs já sabem mais do que o suficiente, então não é necessário acrescentar mais nada, nossa posição é de que as leis devem ser cumpridas.
E sobre o papel das mídias sociais? Acho que as novas mídias e tecnologias cumprem um papel relevante de informar e criar um contra discurso. Acho que o governo não conseguirá mais uma hegemonia absoluta, não monopolizará mais o poder, principalmente, o poder da comunicação.
Esta dificuldade de emitir um discurso monopolista, de ter um discurso hegemônico é que levou o atual governo a adotar a repressão ao movimento grevista. Os discursos governistas sobre a greve foram totalmente desconstruídos pelos blogs e redes sociais, o governo não conseguiu impor sua hegemonia ideológica e a greve é um fato consumado, greve no 1º ano de governo e próximo ao fim do ano, em véspera do ENEM e do vestibular, algo inédito e nunca imaginado, nem pelo governo e nem pelos próprios professores.
Gramsci teria adorado viver no século XXI e teorizar sobre a hegemonia na era das mídias sociais!
Sem o poder do convencimento restou à força, as medidas adotadas pelo governo foram: decretar a abusividade da greve e depois cortar o ponto dos grevistas.
Qual o efeito prático conquistado pelo governo até agora: nenhum! A greve continua.
Talvez o quadro mude a partir da próxima semana, alguns professores poderão ficar intimidados com a repressão e a possibilidade de descontos em seus contracheques, mas acho que a maioria dos grevistas, dos que são engajados e participam ativamente do movimento permanecerá em greve e aguardará o final do movimento para negociar a reposição dos dias parados e a devolução dos valores descontados.
Então qual será o xeque-mate da greve, quem vencerá?
Acho que a questão acabará sendo decidida pela justiça, nos tribunais. Do lado dos professores a lei do Piso e a Lei do PCCR. Ao lado do governo uma liminar que considera a greve abusiva. Se o sindicato e sua assessoria jurídica conseguir derrubar a liminar, algo bem mais fácil do que revogar as duas leis (Piso + PCCR), a greve se fortalecerá e ao governo não restará outro caminho a não ser negociar e pagar o que nos deve.
O SINTEPP e sua assessoria jurídica conseguirá derrubar a liminar? Conseguirá evitar o corte do ponto?
Juridicamente a greve está indefinida, politicamente o governo perdeu, como diria a gíria popular: ficou mal na foto! Não tem discurso, não convence ninguém, sua tese do adiantamento do piso só é repetida pelo site da SEDUC e pelos jornais dos Maioranas e Barbalhos, e vale lembrar, o favor da velha mídia custa caro.

Escrevi o texto acima há alguns dias e o mesmo foi publicado no blog do professor Cavalcante e no do Deputado Carlos Bordalo. Publico hoje, em razão de reforçar a importância do ato público de amanhã, em frente ao Fórum de Belém (ler aqui).

Como afirmo no texto, a greve tem grandes possibilidades de ser resolvida pelo judiciário, isto torna o ato de amanhã mais importante do que as audiências com o governo estadual.

A presença maciça da categoria será fundamental para mostrar ao judiciário e ao governo nossa disposição de não aceitar o não pagamento do piso e a redução das gratificações.

Marcelo Carvalho

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