A parábola do Aguiar (uma parábola pós-moderna)
junho 21, 2009
_____________________________________________________________________________________________Tudo bem simples, tudo é natural….
O Prof. Aguiar, o Senhor das parábolas, a convite e por conta de seu amigo, único professor de posses e endinheirado da Rede Estadual de Ensino, se banqueteava no restaurante mais luxuoso da cidade o “La Vie en Rose”.
Quando se retirava do restaurante foi abruptamente interpelado por um cidadão, que jamais havia visto na vida, que exclamou: “Genial prof. Aguiar, que honra em encontrá-lo!” Em seguida arrematou: – me diga ilibado e venerado mestre o que faço para conseguir deferimento em um bendito processo já transitado em julgado e enterrado no arquivo morto Seduquiano que só o Sr tem o mapa da localização?
Apesar da inconveniente abordagem o mestre dos mestres permaneceu incólume e falou pausadamente: – Cidadão desconhecido sente-se e escute com atenção essa pequena parábola que irei lhe contar.
Semelhante a Jesus Cristo, que para ensinar aos seus discípulos utilizava histórias geralmente extraídas da vida para que pudessem atingir o nível cultural do povo a que se destinava o prof. Aguiar iniciou sua narrativa.
Disse, então: – era uma vez uma cidade conhecida como Garçalândia. Seus únicos habitantes eram Ardeidae, família de aves ciconiformes que inclui as garças. Viviam em bandos, freqüentavam rios, lagoas, charcos, praias marítimas e manguezais de pouca salinidade e deveriam se alimentar principalmente de peixes e outros animais aquáticos.
Porém por 12 anos estavam subjugadas a comerem somente milhos pertencentes ao grupo das angiospermas, ou seja, que produzem as sementes no fruto. A planta do milho chega a uma altura de 2,5 metros, embora haja variedades bem mais baixas. O caule tem aparência de bambu e as juntas estão geralmente a 50 centímetros de distância umas das outras. Deixemos a botânica de lado para retomar a nossa parábola.
A grande questão, no entanto, é que garças apesar de possuírem asas não deveriam comer milhos!
Certo dia pousou na cidade um enorme Zeppelin vermelho, de dentro desceu seu magnânimo comandante dizendo “Libertas quae sera tamen”, assim como proclamou: – a partir de hoje as Garças terão direito a comerem peixes.
As portas do lago foram abertas e todas as garças passaram a usufruir de 150 kg de peixes mensalmente, bastando para isso, apenas apresentarem um projeto explicitando como iriam pegá-los. O Magnânimo comandante teria somente que carimbar o passaporte para que o banquete se tornasse agora realidade, fato nunca antes acontecido na história da Garçalândia.
Ao terem seus projetos aprovados as Garças se deliciavam com as mais variadas espécies de peixes e outros frutos do mar: Namorado, Salmão Premium do Canadá, Sardinhas, Bacalhau, Linguado, Dourado, Tainha, Pescada, Tambaqui, Salmão mediterrâneo, Bauru, Curimatá, Camarão, Lagosta, Vôngoles, Ostrinhas, Ostras afrodisíacas, Polvo e Lula. Aliás, este último o mais difícil de ser capturado, principalmente pelas Garças de oposição, em razão de seu alto índice de popularidade no Lago.
Infelizmente, alegrias de professor e de Garças duram pouco.
Eis que no ano de renovação do passaporte as garças foram pegas de surpresa. O Magnânimo Comandante, sem comunicar ninguém, passou a não mais carimbar os passaportes e, pior, desautorizou a permanência das garças no lago, argumentando que a prioridade do momento, em função da crise financeira (ainda que não houvesse comprovadamente nenhuma evidência de tal relação) era ajudar as galinhas a devorar o milharal.
As garças só poderiam retornar ao lago se conseguissem uma galinha substituta para comer o milho, uma tarefa praticamente impossível, pois não havia galinhas disponíveis em Garçalândia e em nenhum lugar do universo.
Uma Garça mais astuta e já conhecedora dos hábitos e atitudes do Magnânimo Comandante percebeu que se houvesse uma interferência do Presidente da Assembléia das Garças ou de um de seus representantes - democraticamente eleitos- era possível reverter tal proibição e assim foi descoberto o caminho das Índias. Fato que derrubou a tese de que teria sido Vasco da Gama o autor de tal façanha, como bem demonstra uma novela das 8 da Rede Bobo.
As garças que não desfrutavam do privilégio de um protetor ou do calor da amizade do Magnânimo Comandante, foram condenadas a viver no milharal como havia sucedido nos 12 anos dos milhos amarelos.
As parábolas do prof. Aguiar não são de fácil entendimento, deixando o cidadão desconhecido totalmente atônito sem saber o que aquela história significava. E você leitor muito menos ainda!
A mente complexa do prof. Aguiar, por benevolência, resolveu traduzir sua parábola numa simples frase como forma de torná-la inteligível àquele ser transtornado intelectualmente.
Aguiar disse “Tudo é tão simples, tudo é natural e tudo pode ser resumido num adágio popular: Mais vale um amigo na praça do que dinheiro em caixa!”
Texto e imagens originais: Blog da CTAE
Não traduzirei o texto, mas a dica é: professores da SEDUC, lotado nos espaços pedagógicos, fiquem atentos ou poderão comer somente milho, limitado a porção de 100 Kg.
Marcelo Carvalho
2 comentários:
Marcelo,
1)O Professor Aguiar era um profeta?
2)O texto do Boto e o Linux Educacional é um primor, mas a turma da pedagogia da mediocridade jamais vai entender o significado do desenvolvimento de conhecimento local.
Se você entregar a eles ouro, eles vão te devolver latão.
Cavalcante,
O debate sobre a carga-horária dos professores dos espaços pedagógicos é antigo.
É interessante que o conservadorismo é maior na rede estadual.
A prefeitura de Castanhal lota os professores nas salas de informática com regularidade e fazem um trabalho maravilhoso, ganharam prêmios nacionais.
A prefeitura de Belém lota os professores com 200 h, carga-horária máxima, e o NIED é responsável pela formação de todos os professores que atuam no CB-II.
Não tenho conhecimento de que a prefeitura de Belém ou de Castanhal estejam prestes a falir ou com salários atrasados...
Estas duas cidades são referências em termos de informática educativa, poderiam ser visitadas pela atual gestão da SEDUC.
Assim, poderiam fazer as devidas correções de fluxo, cobrar resultados etc. Partindo de exemplos bem avaliados, mas sem conservadorismo ou discursos vazios.
Alguém conhece qual o instrumento que foi utilizado para avaliar os espaços pedagógicos?
Como é que concluem que podem reduzir a carga-horária dos professores? Quais os parâmetros?
Marcelo Carvalho
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