quinta-feira, 22 de abril de 2010

Sistema Educativo Radiofônico de Bragança: destaque em Educação à distância



Num mundo que a cada dia inova em termos de Educação à distância, onde meios e tecnologias são utilizados e incluídos na relação professor e aluno, em Bragança, há muito tempo existe o Sistema Educativo Radiofônico de Bragança (SERB, como é conhecido), fundado na Rádio Educadora de Bragança por iniciativa do Bispo italiano Dom Eliseu Maria Coroli, em funcionamento até os dias atuais. Presto hoje homenagem ao SERB pela passagem da data do início efetivo das aulas radiofônicas em 1961, aula magna de abertura dos trabalhos que já vinham sendo iniciados desde 1858, pela Prelazia do Guamá (atual Diocese de Bragança do Pará). Esse trabalho educativo já formou dezenas de milhares de pessoas em vários municípios e comunidades rurais de Bragança e suas aulas efetivamente iniciaram a exatos 49 anos. Sou um assíduo ouvinte das aulas do SERB pela Rádio em diversos horários, quando meu tempo permite. E não poderia de deixar passar sem o registro esse fato de imensa importância na construção da Educação à distância neste rincão da Amazônia. Na direção do SERB atualmente está a Irmã Ediane Santana Silva, que foi minha professora de Educação Artística, no Instituto Santa Teresinha nos idos anos de 1988, com quem falei ainda há pouco sobre essa postagem, que aproveito para me congratular com todos os funcionários/as, alunos/as, professores/as e gestora da escola radiofônica.

Abaixo, cito texto extraído com a autorização de sua diretora, especialmente para o blog, sobre a História de sucesso da Educação prestada pelo SERB em toda a região Nordeste do Pará e na Amazônia, obtido no site http://www.serb.org.br/portal/index.php
O Sistema Educativo Radiofônico de Bragança teve sua origem em 27 de janeiro de 1958, quando os padres da Prelazia do Guamá, numa reunião plenária em que examinaram os vários aspectos do assunto, aprovaram por unanimidade a organização do Sistema. Naquela oportunidade foi escolhido o Pe. Miguel M. Giambelli para coordenar todas as iniciativas necessárias à realização do empreendimento. Cada paróquia da prelazia se prontificou a dar uma parte de suas economias para possibilitar a aquisição do equipamento da Rádio Educadora e dos primeiros 150 receptores cativos, destinados às escolas radiofônicas. Para conhecer melhor seu novo compromisso, o Pe. Giambelli realizou vários estágios, entre os quais merece um destaque especial o de Natal (RN), onde teve oportunidade para estudar - in loco - a eficiente organização das rádios-escola do então cônego Eugênio Sales. No dia 17 de setembro de 1960, o Pe. Giambelli compõe a primeira Equipe Central do SERB, a qual se dedicou a organizar cursos para monitores nas várias paróquias da Prelazia. A primeira aula radiofônica ocorreu no dia 17 de abril de 1961, voltada para 1.508 alunos, distribuídos em 107 rádios-postos. O nosso prelado, Dom Eliseu Maria Coroli, em 21 de março e 1961, juntamente com Dom José Távora de Araújo, Dom Eugênio Sales – de Natal – e Dom Alberto Ramos – de Belém -, participa da assinatura do Decreto nº 50.370, baixado pelo presidente Jânio Quadros, que cria o Movimento de Educação de Base – MEB. Naquela época, o SERB, muito bem representado por Dom Eliseu, era o Sistema pioneiro de toda a Amazônia Legal atuando em tele educação. No início de 1962, o SERB começou a receber ajuda do MEB, sobretudo com receptores cativos Philips, que nos permitiram ampliar nossa rede de escolas radiofônicas, tanto que, naquele ano, chegamos a ter 362 rádios-postos, com 6200 alunos. Em janeiro de 1965, o Pe. Giambelli deixa a direção executiva do SERB – em borá permanecendo presidente jurídico – para transferir-se a Belém como vigário da Basílica de Nazaré, na qual permaneceu até o dia 19 de abril de 1971, data em que reassumiu o executivo da residência do SERB. Durante os seis anos em que o Pe. Giambelli esteve afastado do SERB, surgiram, na equipe do MEB nacional, elementos ideológicos contrários aos princípios que norteavam o SERB. As divergências ideológicas foram tão fortes que o nosso bispo, Dom Eliseu, em 1970, desligou oficialmente o SERB do MEB "pelo tempo em que continuar na direção do MEB a atual equipe nacional", dizia textualmente o prelado de Bragança, em seu ofício a Dom José Távora, Presidente Nacional do MEB. Em 12 de julho de 1971, o SERB renovou o convênio com o MEB, este sob a presidência de Dom Luciano José Cabral Duarte, que proclamou em alto e bom som seguir uma orientação totalmente diferente da administração anterior, a qual causara o desligamento entre os dois segmentos. A partir desse momento, entre o SERB e o MEB houve um melhor relacionamento, ao ponto de o SERB sentir-se totalmente identificado com o MEB, sem deixar de lembrar que dos 34 funcionários do SERB, 19 eram funcionários do MEB, circunstância que fez do SERB o legítimo representante do MEB na Prelazia do Guamá.
O SERB, ao logo dos anos, teve grande influência na formação das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) e na organização dos Clubes de Mães – os quais orientavam nas atividades domésticas e artesanais - e dos clubes agrícolas - que desenvolviam e orientavam novas técnicas nos trabalhos agrícolas e na criação de animais.
Em meados dos anos 80, o SERB deixou de receber o apoio do MEB e firmou convênio com a Secretaria de Educação (SEDUC), com a qual mantém até os dias atuais. Atualmente, o SERB é um organismo das Obras Sociais da Diocese de Bragança. Opera somente em sua iniciativa primordial, que é o ensino radiofônico da Educação de Jovens e Adultos (EJA) 3ª e 4ª Etapas. Os 11 professores do SERB são servidores do Estado e têm nível superior que, além da aula radiofônica, ficam à disposição dos alunos para tirar dúvidas ou fazer esclarecimentos sobre as suas disciplinas. A Escola Radiofônica possui característica de promoção humana, pois, visa tornar mais eficaz o processo de Educação de Jovens e Adultos, principalmente os da zona rural, através do rádio. Dentro das nossas possibilidades, procuramos colaborar na formação e desenvolvimento das potencialidades de nossos jovens e adultos, tornando-os cidadãos críticos, responsáveis e capazes de construir uma sociedade mais justa e fraterna dentro do campo da educação. 



Marcelo Carvalho

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