Declaração de voto

No segundo turno o meu voto será de protesto. Não votarei nulo, em minha concepção só os anarquistas podem votar nulo e considerar este ato como uma forma de protesto, como uma forma de negação de todo o processo; os anarquistas não querem conquistar o estado e sim destruí-lo.

Embora tenha grande simpatia pelos anarquistas, não creio que o projeto de destruição do Estado esteja na pauta da sociedade atual; então, alguém efetivamente governará a cidade de Belém, a partir de janeiro de 2013.

O segundo turno oferece aos eleitores a possibilidade de escolher entre dois candidatos, dois partidos, duas propostas. O problema surge quando não nos identificamos de forma imediata ou satisfatória com nenhuma das duas propostas em disputa. Aí, surge a tentação do voto nulo, mas como já indiquei no início do texto, esta opção só cai bem aos anarquistas. 

Sobra o dilema, a missão de buscar um fundamento para o voto. Em quem votar no segundo turno?

Depois de refletir muito e lembrar eleições anteriores, especialmente outros segundos turnos -como por exemplo, o de 2010, aqui no Pará, quando se confrontaram PT e PSDB - recordei que muitos defenderam o voto nulo, omitiram-se do processo e o resultado foi a vitória do PSDB.

O PSOL, principal partido que defendeu o voto nulo em 2010, defende o voto nulo também em 2012, em cidades como Fortaleza, Salvador e São Paulo (e eles não são anarquistas). Entretanto, em Belém, precisará dos votos dos partidos de “esquerda” e de seus simpatizantes. É estranho o mundo da política do PSOL: em São Paulo, não conseguem perceber a diferença entre o PT e o PSDB, mas em Belém sim.

A outra candidatura em disputa em Belém não é digna de receber meu voto, nem pelo partido e muito menos pelo candidato. O Zenaldo é um político de carreira, nunca trabalhou, não tem profissão, não se identifica com nenhuma categoria profissional e seu discurso político é demagógico; nenhuma de suas palavras é de sua autoria, sua ladainha é enfadonha; fala em união, em uma nova Belém, na sua amizade com o governador e outras bobagens... Em sua obra política nada serve de credencial para governar uma cidade, nenhum projeto relevante, lhe cai muito bem a definição do blog do Barata que o chamou de um “poste eleitoral”.

E por falar na amizade com o governador, reflito sobre o que tem sofrido a categoria dos professores com o governo do PSDB: em menos de dois anos, o governo já atacou a democracia nas escolas, acabou com as eleições diretas para diretor (na prática, sepultou a gestão democrática); rebaixou o salário dos professores com a retirada do abono FUNDEB e com mudança da fórmula de calcular os salários, reduzindo os ganhos dos professores com titularidade, ato que puniu os que possuem mestrado e doutorado, justamente os que mais investiram em sua formação. Está acenando para mais um assalto que será a retirada das aulas suplementares, pois em todas as mesas de negociação com o SINTEPP, o governo recusa-se a comprometer-se com a defesa desta vantagem salarial.

Saindo da educação, para não ficar com um discurso corporativista, vejo que a segurança pública está um caos e não se trata de “sensação”, é fato concreto.

A saúde está lamentável! As obras da Santa Casa arrastam-se e ninguém sabe quando será concluída. E o hospital superfaturado, ninguém explica!

E em todas as áreas do governo graceja com intensidade a corrupção e a falta de licitações, conforme denúncias do Blog Perereca da Vizinha.

Enfim, a amizade do candidato Zenaldo com o governador só confirma que não votarei na “tucanalha”!

Então, tenho que escolher o próximo prefeito. Como não anularei meu voto, ou é um ou outro. 

Votarei em Edmilson, mas é um voto de protesto, é um voto contra o PSDB! 

Não repetirei o erro do PSOL de 2010 e do PSOL de Fortaleza, de Salvador, de São Paulo; eleição não é hora de brincadeira ou de vingança, é hora de escolher quem governará a cidade e tenho convicção que o PSDB fará muito mal a nossa bela Belém.

Marcelo Carvalho